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Por que tantos porquês errados, Google?

Como uma aula particular e e-mails errados criaram uma sensação de conspiração tecnológica.


Aprenda o uso dos porquês e reflita sobre a sociolinguística.


Na nossa Língua Portuguesa Brasileira temos 4 tipos de porquês e eles costumam causar confusão. Por quê?


Porque geralmente eles estão associados à exames, avaliações e provas, um tanto deslocados da vida prática. Acabamos com preocupações para decorar, ao invés de entender o uso.


Em uma de nossas aulas particulares on-line, com uma pessoa adulta preparando-se para exames de concursos, discutíamos esse assunto. Para ela, o porquê disso tudo está no controle dos afunilamentos sociais e linguísticos. Concordamos.


Algo estranhíssimo aconteceu naquele dia. Logo após nossa conversa, recebemos no e-mail da pulsãodescrita uma propaganda com um erro, estava escrito assim:


Por quê preciso da licença de chromebook [...]?”


Sabemos que separamos a preposição do pronome interrogativo em perguntas diretas, no início das sentenças. Deveria ser:


Por que preciso da licença?”


Esse uso também se dá dentro da sentença. Por exemplo:


“Saiba o motivo por que você precisa da licença.”


Essa forma equivale a ‘por qual’, ‘por quais’, ‘pela qual’, ‘pelas quais’, dependendo do contexto.

A forma separada, acentuada se dá em finais de sentenças:


“Você ainda não tem a licença, por quê?”

Comentamos com o estudante a coincidência e ele disse: “O Google sabe tudo que fazemos e ainda nos induz ao erro.” Acabamos rindo, com certo nervosismo. A coisa piorou.

Na sequência, recebemos outro e-mail, de outro lugar, assim:


“Estamos enviando essa mensagem de retorno porquê alguns [...]”


Comentemos o erro. Essa forma, junta acentuada é um substantivo, equivale a ‘o motivo’, ‘a razão’; poderia ser:


“O porquê de enviarmos esta mensagem [...]”


Ademais, o e-mail termina com esta imagem:


Nosso aluno resumiu bem: “Sinistragem!”


Por que sinistragem? Porque é uma bizarra coincidência de uma possível conspiração!


Brincadeiras à parte, não sabemos muito bem o porquê disso tudo, mas entendemos que a discussão é importante, por quê?


Porque se existe um afunilamento de controle social e linguístico precisamos debater muito e proporcionar mudanças que diminuam quaisquer manipulações. Não queremos esse tipo de abraço virtual, onisciente e onipresente.


Para trocar a imagem do fantasma, sugerimos a tirinha com o Coração e o Cérebro do @guilhermebandeira:


Por fim, uma reflexão apaixonante de uma estudante da Pulsão Descrita, mais jovem, do Ensino Médio:

“Por isso eu gosto da internet, é só usar um ‘pq’ que tá tudo certo!”

Verdade...


Para mais explicações técnicas, outros exemplos e uma videoaula, sugerimos:


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